Barragem de Biodiversidade

Piocas, Rio Olo, Parque Natural do Alvão.

Ah! É nestes momentos que gosto da ambiguidade que a nossa língua permite a títulos pejados de ironia…
A história da carochinha já foi contada até à exaustão, e a EDP não precisa de muito cantarolar que é bonitinha para encontrar quem com ela queira casar. Pudera, num país que se habituou a adoptar os modelos ultrapassados de outros e no qual os dirigentes políticos se medem pelo tamanho dos lobbys que lhes suportam as campanhas, não é de estranhar que as barragens venham aí com força!
Com este último spot publicitário a EDP veio dar o golpe de misericórdia em todos os que trabalham e lutam todos os dias para barrar a assustadora perda de biodiversidade e divulgar que algo está errado, algo que esta já fez com o spot anterior sobre energia eólica, onde felizes coelhinhos da páscoa passeiam por entre a vegetação luxuriante por baixo dos aerogeradores, e cantarolantes avezinhas voam agilmente por entre as pás em movimento… Desta feita ficamos a saber que as barragens são benéficas para os ecossistemas e potenciam a conservação da natureza!
Não o são para ninguém. E se é um facto que necessitamos de energia também é um facto que o investimento nestas novas barragens, se dirigido para a microgeração (fotovoltaica e eólica) e práticas de uso sustentável de energia, sustentaria as nossas necessidades (em termos de percentagem parcial da geração total combinada em Portugal), contemporâneas e futuras sem o efeito pernicioso das barragens de biodiversidade, perdão hidroeléctricas.
Felizmente o belo Olo no Alvão aqui retratado, viu-se poupado às garras desta política de barragens, um viva para a Quercus.
Como afirma um conhecido que habita os meandros dos estudos de impacte ambiental, -“Basicamente, é uma campanha de marketing para divulgar os milhões de euros que estão a gastar com os 13 ou 14 programas megalómanos de medidas compensatórias que Bruxelas os obrigou a cumprir.”
Pessoalmente preferia que mostrassem umas impressões das facturas, ao invés de passarem uma mensagem subvertida e falaciosa da realidade.
Enquanto se dão estas danças entre Bruxelas, Belém e as EDP’s, quem sofre são os ecossistemas, que perdem, provavelmente de forma irremediável, integridade e não são as imagens bonitas que passam todos os dias nos nossos ecrãs que lhes vão valer.
É como aquele vizinho que se ri da nossa cara quando apanhamos uma molha na rua, para de seguida sermos todos levados pela torrente.

3 comentários:

João Tiago disse...

Também fiquei perplexo de incredulidade quando, ao folhear a edição deste mês da NG, dei com um engenhoso e ilusório spot publicitário da EDP (qualquer leigo associará a uma barragem a prosperidade de uma região e conservação da natureza). Fiquei tão revoltado com mais uma confirmação de que quem tem dinheiro facilmente tem influência na opinião pública.
Knowledge is power!

cumprimentos

Anónimo disse...

O spot da EDP que passava na tsf e outros midia, começou por falar na preservação das espécies, na prosperidade e, finalmente nas pessoas. Depois corrigiram a mão e alteraram a ordem das parcelas, mas a ideia é a mesma...

Com os lucros que obtêm podiam fazer mais pelo ambiente e pelas populações afectadas directamente pelas barragens (veja-se o caso da barragem do Sabor).
Entretanto vamos pagando a factura a esses cavalheiros. E se não estamos satisfeitos fazem a pergunta ignóbil e provocadora: "não paga, cortamos o fornecimento!"

Quanto à Entidade Reguladora, estamos conversados...

Cumprimentos.

Manoel

Anónimo disse...

Grandes fotografias!
Foi o Manuel Garcia que me deu a dica do teu blog.
Apesar de não ser o meu género, tens belissimas fotografias. Parabéns!