Ah! Bichos malditos...

Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), Arnal, Parque Natural do Alvão.

A Cobra-rateira é uma espécie característica dos biótopos mediterrânicos. É o ofídeo de maiores dimensões da Europa, podendo alguns exemplares ultrapassar os dois metros de comprimento. É venenosa mas os colmilhos situam-se à retaguarda da boca e não são perigosos para o Homem, raramente conseguem inocular o veneno quando mordem, e mesmo quando o fazem o veneno não constitui risco de vida para os humanos. Em Portugal a única espécie que possui capacidade para colocar a nossa vida em risco é a Víbora-cornuda (Vipera latastei), e ainda assim só se a vitima da mordedura for um idoso ou uma criança com problemas cardiovasculares. Não existe antídoto mas o veneno é tratável com corticosteróides e não existem casos conhecidos de fatalidades devidas à mordedura de um ofídeo em Portugal.

Estes animais, ao contrário das frequentes crenças populares não atacam as pessoas, defendem-se quando ameaçados. O que pode ser confundido com um ataque deliberado, já que os factores comportamentais de ameaça podem ser a simples permanência no seu território, ainda assim, um ofídeo “avisa” antes de despender energia e correr riscos num ataque a um animal de maior porte, sibilando ou adquirindo posturas agressivas, só em ultimo caso poderá morder.

São provavelmente os animais que mais sofrem com as crenças populares sendo perseguidos graças a estas. Ocupam importantes nichos nos ecossistemas, cumprindo importantes funções de controlo de micromamíferos, contribuindo desta forma para o equilíbrio da cadeia trófica.

Da próxima vez que vir uma cobra, talvez seja uma boa altura para trocar a sachola em riste e o terror, pelo espanto e gratidão por estes fantásticos animais…